sexta-feira, 11 de julho de 2014

PÔR DO SOL






O pôr-do-sol é sempre um momento único. Todos os dias acontece, mas é sempre diferente, tal como é diferente de local para local.
Deixo aqui a minha homenagem a todos aqueles que apreciam este momento sublime do dia, e partilho, com o prazer de quem ama o tempo, em especial com aqueles que estão, como eu, no crepúsculo da vida.


Fotografias de © carlos alberto

PROCURA

Fotografia de © carlos alberto

Por onde eu vagueio... quando acordo do silêncio que me acompanha. Encontro-te em cada esquina, escondida, a espreitar a minha solidão enquanto me atiras um sorriso do qual vou atrás à espera de um beijo que se esconde, e que perco no meu sonho, sem vitória.
CA

quarta-feira, 9 de julho de 2014

DISTÂNCIA

Fotografia de © carlos alberto

E quando a noite chega e as luzes se acendem, não te vejo senão à distância de um rio, de um mar, de uma ponte imaginária.
E no desespero da distância que nos separa, na ânsia de te ter, corro, corro na esperança de não te perder. Em vão.
 
Cego, afogo-me na tristeza real da distância cruel que só me faz mal.

CA

MORRER NA PRAIA

Fotografia de © carlos alberto

Conta a lenda que há muito, muito tempo,
um homem fez-se ao rio, com alento,
numa frágil embarcação de madeira.
Tão frágil que se virou e afundou inteira.
Seu propósito era abraçar sua amada
que do outro lado na margem
o esperava, desesperada.
Morreu ele afogado com sua embarcação;
 
morreu ela sufocada em lágrimas do seu coração.
 
CA
 

UM ACENO

Fotografia de © carlos alberto


Estou num jardim, à beira de um lago e vejo-te passar. Agito-me da surpresa de te ver, fico eufórico.
Os meus braços acenam-te, chamando-te, mas tu passas ao lado e nem me olhas, indiferente à minha (efémera) alegria.
Continuo aqui à tua espera, permaneço no silêncio das tuas emoções. Sobrevivo.
CA
 

terça-feira, 8 de julho de 2014

VISTAS

Fotografia de © carlos alberto

Este lugar é meu. Daqui ninguém me tira. Observo tudo o que há para ver à volta, está-se bem, é calminho, tem só uma assoalhada, mas para mim chega.É arejado, tem vista para o mar, e está bem localizado sem vizinhança, como eu gosto.
CA

BANCOS



 
 
 
 
 
 
 

 
Fotografias de © carlos alberto

Bancos vazios cheios de nada. Olho para eles, onde tantas vezes nos sentámos e recordo-te com a saudade de um moribundo de te ver a sorrir, a olhares para mim e para o mar com a felicidade de uma criança que brinca com a areia na praia. O Oceano tudo levou e nem os bancos ficaram para contar a nossa estória.
CA

CORRENTES

Fotografia de © carlos alberto

Quero libertar-me das amarras do passado que me aguilhoam e magoam como correntes de aço entrelaçadas ao meu corpo. Quero partir, navegar por outros rios e mares, oceanos e mundos. Ao sabor de ventos e marés, sem medos de naufrágios, posso até enfrentar intempéries, mas, por fim, sei que te vou encontrar à minha espera numa enseada perdida. Acolher-me-ás no teu regaço e embalar-me-ás em ondulações de sonho, até que, no cansaço, eu adormeça, com um sorriso, no teu olhar.
CA

COSTAS VOLTADAS

Fotografia de © carlos alberto
Viraste-me as costas, mas eu olho-te de frente e sem vergonha.
Orgulho-me do que fui para ti e de como te moldei.
Consigo ver através de ti e sei o que tens para além do que és.
Conheço todos os teus contornos como minhas mãos.
Percorri cada centímetro das tuas formas em gestos e sentimentos
que me permitem dizer que sei o quanto representas hoje,
mesmo que exposta numa galeria de arte moderna,
num mundo de míticos deuses na Babilónia.

CONVERSA DE MULHERES

Fotografia de © carlos alberto

- Ai amigas, não sei se vos conto... aquela do 2º frente, uma quadrilheira...
- Qual? Aquela que tem um bico de pato? – pergunta a amiga do meio.

- Sim, essa mesma.
- Não me digas que partiu a asa a alguém? – Diz a outra olhando para elas.

- Pior. Empurrou o amigo janela quando o viu a olhar para mim...
- Coitado. Olha, eu prefiro estar sozinha – revela-se a primeira.

- Não digas isso. É tão bom o convívio – confirma a do meio.
- Amanhã irei a uma festa de pombos, queres ir? – Acrescentou.

- Qual? Àquela do sino da Igreja? - Pergunta interessando-se pelo assunto.
- Sim, mas não sei é como devo ir vestida... – Lamenta-se.

- Eu não posso levar as anilhas que me magoam os dedos – diz a outra.
- Acham que devo ir com pintura? – Disse a do meio.

- Ainda bem que falas nisso. Tenho que ir arranjar as unhas – concluiu a primeira.
- Ainda aí estão? – Grita a do 2º Frente...

CA

AOS ESSES

Fotografia de © carlos alberto
Se até na própria Natureza as águas sulcam por entre obstáculos os seus trilhos, serpenteando o seu percurso, procurando chegar ao mar, porque é que havemos nós de achar que a nossa vida deve ir sempre a direito, sem obstáculos?
CA

A GARRAS

Fotografia de © carlos alberto


Por detrás de ti há uma história que não conheço. Guarda-la com unhas e dentes, qual bico ou garra de águia de deuses de outrora. Tento fixar-te e atrair-te para que me olhes, mas estás muito ocupada a segurar teus anéis de cobre, como se de ouro se tratasse. Fixaste-te bem a edifícios nobres e seguros de paredes que sustentarão pelos séculos a tua opulência, mas lá virá o dia que um abutre sem asas te roubará também a inocência para sempre.
CA

ALTOS E BAIXOS

Fotografia de © carlos alberto
Ia a subir quando reparei em ti. Estavas debruçada num tanque daqueles de cimento a lavar a tua roupa. Sorriste-me com uma alegria contagiante que me encantou. Parei para falar contigo e ouvir os teus sonhos. Eram os meus. Convenci-te a mudares de vida: tinhas talento para isso.

Deixaste tudo para subires comigo. E subimos os dois, até ao ponto mais alto. Como eu era feliz, meu Deus por estar tão perto da perfeição.
Um dia, comecei a descer e reparei que tu não querias. Querias muito mais e eu deixei de poder dar-te. Fingiste-te distraída e quando escorreguei nem olhaste para baixo. Já ias a subir de novo, indiferente à minha queda.

Vi-te partir, deixando-me na curva descendente, sempre descendente, enquanto tu, triunfante, subias, subias.

CA

CANTANDO E CHORANDO

Fotografia de © carlos alberto

Uma pedra no sapato,
Uma pedra dentro d’água,
Uma pedra como desiderato,

Uma pedra como mágoa.

Resto eu nesta angústia

De imagens sem destino
Cansado da tua astúcia

De dor com as pedras me desanimo

Sobra um V de vitória
Entre guerras de palavras

Onde se conta uma história
De amor que tu não travas.

 CA

SUAVEMENTE

Fotografia de © carlos alberto

Diz-me o que pensas, sê sincera e não me iludas. Sei que não sou o melhor homem do mundo, que tenho imensos defeitos, que não sou perfeito, nem o homem ideal. Mas sou sensível. Por favor, não me agridas com palavras duras...
CA

VIDA PERDIDA


       
Fotografia de © carlos alberto
 
É tudo quanto resta de ti. Imagens que escorrem em minha alma queimada de fé.

Mesmo assim aqui te deixo, numa vela a arder, mas que sei que se apagará na primeira brisa, com o vento que soprará contra e me deixarás na tristeza de te ter perdido na sombra altiva do que foste.

DEGRAUS

Fotografia de © carlos alberto

Ajuda-me a subir estes degraus.
Já não consigo sozinho.
Dá-me a tua mão e deixa-me apoiar-me em ti.
São tantos os degraus e já não tenho força suficiente....
Quero muito subir contigo, e olha: lá em cima teremos uma recompensa...
CA

TEMPO FINITO

                                                                     Fotografia de © carlos alberto

Há um princípio e um fim para tudo. É a vida que começa e acaba na mentira de que o tempo acaba, mas não acaba porque o tempo é infinito... nós é que somos demasiados finitos...
CA

NAS DESPEDIDAS

Fotografia de © carlos alberto

Soltam-se os gritos na despedida
com as musas em seus bailados,
mares e rios escorrem na vida
entre canções e amigos amados.

Risos e prosas que nada valem
sonhos e miragens nunca atingidos
palavras vãs que aqui não cabem
entre hipocrisia e amores fingidos.
CA


AMARRAS

                                                                    Fotografia de © carlos alberto

As palavras perdem todo o sentido
quando te vejo:
e fico feliz só por estares
mesmo na distância de um meio metro
já não há palavras que valham
o ensejo
do momento de te sentir perto,
olhar-te e os meus sentimentos se calam
no desejo
do que é certo.

Errado: reclamas distância em tua defesa
e sobre minha dor acumulada
de mágoa e em surpresa
minha angústia recrudesce desesperada.

Baixo o olhar para o chão,
procuro não vacilar,
tento segurar-me da morte
com minha própria mão
e repetir bem alto e forte
que não te posso nem devo amar.
CA